terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Falling Again.

Os pés apoiados nas costas do banco do ônibus em movimento, os olhos que demonstravam o quão o dia havia sido cansativo, os braços cruzados procurando conforto, os ouvidos captando o som de Julho de 83 nos fones com o volume máximo e a memória atravessando as maravilhas do passado e deparando-se com o pesadelo que seguia o presente.
O vento que vinha das janelas escancaradas dos outros estudantes, chegava de todos os lados, tocava os meus cabelos, minha face e aliviava o tremendo calor que fazia no horário. Pensava comigo, se não podia aliviar também ao menos um terço da dor que eu sentia nos últimos dias, nem que fosse por um só momento.
Solidão era tudo o que eu conseguia sentir, e em momentos, nem isso sentia pelo grande vácuo que tomava conta do meu peito. Percebi que pior do que sentir amor e não ser correspondida, é não conseguir jamais senti-lo após ter passado por momentos tão difíceis de tanto sofrimento. É como se o sol iluminasse os corpos solitário agora, como se sua luz fosse radiada em vão, porque o meu sorriso não aparece a tempos e assim sendo, não é capaz de refletir seus raios.


"Adolescência vazia, eu tinha quase dezesseis. Ninguém me compreendia e eu não compreendia ninguém." (Nenhum de Nós • Julho de 83)
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